Até três anos atrás, Delphine Delafon costumava sair com a chave de
casa, o cartão de crédito e o maço de cigarro guardados nos bolsos de
suas roupas.
Com um estilo prático, a designer franco-americana nunca
entendeu muito bem as meninas que circulam por aí com o mundo nas
costas, ou melhor, a tiracolo. E como não conseguia achar em nenhuma
loja uma bolsa que a agradasse, decidiu criar, ela mesma, a sua.
-
Tinha que ser pequena e no modelo saco para combinar comigo. Logo
minhas amigas começaram a perguntar se eu podia fazer para elas também. E
de repente, depois de algumas semanas, pessoas que eu nem conhecia
estavam batendo na minha porta, fazendo pedidos personalizados - lembra.
Nessa
época, a estilista ainda tinha sua cozinha como ambiente para as
criações
. E em tempos de it-bags, nos quais modelos idênticos são feitos
em larga escala, cobiçados por seu símbolo de status e exibidos como
troféus pelas mocinhas da high society, a ideia poderia parecer um tanto
arriscada. Mas deu certo.
Hoje em dia, ela atende com horário marcado
em um ateliê na Rue du Faubourg Poissonnière, em Paris. Entre um
cafezinho e outro, mostra às clientes todas as possiblidades de
materiais, correntes e tecidos para fabricar uma peça totalmente
exclusiva. As mais pedidas são as com detalhes de tachinhas, franjas e
estampas de leopardo.
Suas inspirações, geralmente, surgem dessas
conversas. Mas também de uma coleção de livros de fotografia, como os de
Helmut Newton. O trabalho artesanal demora de quatro a seis semanas
para ficar pronto.
- Essa é provavelmente a maior dificuldade que
enfrento. Comparada a todas as marcas que tem um savoir-faire de mais de
30 anos, eu sou apenas uma simples designer - diz Delphine, com a
modéstia de quem nem parece já ter tido suas bolsas estampadas em
páginas de revistas internacionais como “Vogue”, “Harper's Bazaar”,
“Elle” e “CR Fashion Book”.
Com o sucesso da marca, que leva seu
nome, ela achou que era hora de expandir os negócios. E recentemente
está se dedicando a uma linha de roupas, partindo do mesmo propósito:
fazer de única peça, infinitas formas de customização. O projeto vem
para realizar um desejo antigo.